Em países da América Latina e do Caribe, o acesso à internet por parte da população mais rica pode ser até 30 vezes maior que o acesso pelos mais pobres. Em uma lista com 14 países (com dados mais recentes), o Brasil lidera a desigualdade. Entre os mais ricos o uso no país é de 52%, enquanto entre os mais pobres é de 1,7%.
As informações são da Comissão Econômica para América Latina e do Caribe (Cepal), vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU). Para chegar a essas conclusões, o órgão criou um banco de dados com indicadores sobre tecnologia da informação e comunicação (TIC). O sistema já está disponível gratuitamente na internet.
O banco de dados cruza informações sobre uso de computadores, internet e telefones, por exemplo, com indicadores socioeconômicos, auxiliando na elaboração de políticas de inclusão digital. De acordo com a Cepal, por meio da tecnologia, serviços de saúde, educação e governo eletrônico podem ficar mais acessíveis aos cidadãos.
“A ferramenta propicia um cenário sobre o uso dessas tecnologias na região. Com isso, os países podem desenhar ou pesquisar novos esforços, novas iniciativas e ampliar esse acesso”
, explica a coordenadora do projeto, Mariana Balboni.
A Cepal reuniu informações em inglês e espanhol de 17 países, colhidas por meio de pesquisas domiciliares feitas entre 2000 e 2007. São mais de 40 variáveis sobre TIC e 20 indicadores socioeconômicos, como renda e escolaridade. No sistema, o cruzamento pode ser feito de várias maneiras.
A coordenadora do projeto, explica que os dados das pesquisas nacionais foram harmonizados com base em padrões estatísticos internacionais, mas que para inclusão de novas informações, um dos desafios é a padronização das pesquisas.
Segundo Balboni, a avaliação dos resultados é feita por cientistas sociais, não pelos organizadores do sistema. Mas adianta, com base nos indicadores, que a renda influencia no acesso à tecnologia nos país latino-americanos.
“Podemos dizer, de maneira geral, que a exclusão digital acompanha a exclusão social no país, nos países e entre os países.”
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